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Rota dos Tropeiros no Caminho do Viamão

Conheça a história da Rota dos Tropeiros no Caminho do Viamão, estabelecida em 1732. Descubra o legado que moldou o Brasil e saiba como este patrimônio está se tornado uma rota de cicloturismo sustentável.

Rota dos Tropeiros no Caminho do Viamão: A Rota Histórica que Conectou o Brasil Colonial

Antes de tudo, a Rota dos Tropeiros no Caminho do Viamão é, sem dúvida, um dos capítulos mais fascinantes da história brasileira. Documentos históricos revelam que, por volta de 1732, o desbravador Cristóvão Pereira de Abreu estabeleceu oficialmente este trajeto, que consequentemente se tornou a principal via de comércio do sul do Brasil. No entanto, este não foi apenas um caminho de transporte, mas sim um verdadeiro eixo de desenvolvimento que conectou regiões, fundou cidades e, acima de tudo, moldou a identidade cultural do país.

Rota dos Tropeiros no Caminho do Viamão e a importância do português Cristóvão Pereira de Abreu.
O retrato de Cristóvão Pereira de Abreu foi imaginado para uma edição do Jornal Cruzeiro do Sul, em 2004, quando Sorocaba (SP) comemorou 350 anos. Renderização: Ivan Mendes © Lobi Ciclotur

Atualmente, este valioso patrimônio histórico está ganhando um novo futuro. Graças a iniciativas como o PL 1280/2024, o Projeto Rota dos Tropeiros está em processo de estruturação para se tornar um destino de cicloturismo sustentável, oferecendo, assim, uma oportunidade única de reviver nossa história de forma consciente e saudável. É importante destacar que este projeto está em fase de planejamento e estruturação, não sendo ainda possível realizar a travessia completa.

A Origem e o Contexto Histórico da Rota dos Tropeiros no Caminho do Viamão

Também conhecido como “Caminho Real do Viamão” Estrada das Tropas, Estrada Viamão-Sorocaba, Estrada Real, Caminho da Serra ou Estrada do Sertão, este trajeto foi consolidado no início da década de 1730. Desde então, se tornou fundamental para a economia do Brasil colonial. A data de sua criação, aliás, é um marco para entendermos a cronologia e a expansão do tropeirismo, uma atividade que não apenas transportava riquezas, mas também disseminava cultura, costumes e informações por um território de dimensões continentais.

No início da Rota dos Tropeiros, o cavaleiro era guiado pelos indígenas no Caminho do Viamão.
Imagem simulada com a ajuda de inteligência artificial por Ivan Mendes.

O Papel Estratégico da Rota para o Brasil Colonial

O caminho ligava os campos de Viamão, no Rio Grande do Sul, às feiras de Sorocaba, em São Paulo. Em virtude dessa conexão, foi possível:

  • Garantir o abastecimento das regiões mineradoras de Minas Gerais
  • Promover a integração econômica entre o Sul e o Sudeste do Brasil
  • Incentivar a fundação e o desenvolvimento de diversas cidades que, por sua vez, serviam como pouso para os tropeiros.

Este projeto cativante atravessa os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, revelando paisagens encantadoras e populações acolhedoras. É um patrimônio histórico que está sendo cuidadosamente mapeado para se tornar um destino de cicloturismo autoguiado no futuro.

A Cultura Tropeira: Um Legado que Permanece Vivo na Rota dos Tropeiros

O tropeirismo deixou marcas profundas na cultura brasileira, que podem ser observadas até hoje. Por exemplo, a culinária, com pratos como o feijão tropeiro e o entrevero; a música, com suas modas de viola; e o próprio vocabulário, rico em termos únicos, são heranças diretas dessa época. O Seminário Nacional e Encontro do Cone Sul sobre Tropeirismo (SENATRO) desenvolveu estudos que trouxeram à luz muitas dessas histórias e contribuiu para a criação do produto turístico “Rota dos Campos de Cima da Serra“.

As mulas com bruacas e os tropeiros durante a tropeada do SENATRO 2025, em Bom Jesus no RS.
Tropeiros de muares no SENATRO 2025, em Bom Jesus, RS. Foto: Ivan Mendes © Lobi Ciclotur.

Este legado é, portanto, a base para o desenvolvimento turístico e cultural da região. A proposta do PL 1280/2024 visa não apenas criar uma rota para ciclistas, mas também fortalecer a identidade regional e gerar novas oportunidades para as populações locais. Além disso, busca incentivar a conservação desse patrimônio imaterial.

Como Contribuir Concretamente para a Rota dos Tropeiros no Caminho do Viamão

A revitalização da Rota dos Tropeiros no Caminho do Viamão é um esforço coletivo que está em fase de planejamento. Sendo assim, se você deseja contribuir, existem formas específicas e concretas de participação:

  • Participe de Grupos de Trabalho Locais: Em primeiro lugar, procure se envolver com as prefeituras e entidades locais que estão organizando grupos de trabalho para o projeto. Nosso projeto busca “conectar-se com nossa rede de desenvolvimento que gera oportunidades econômicas, promove a regeneração ambiental e valoriza o patrimônio cultural”.
  • Compartilhe Conhecimento Histórico: Além disso, se você ou sua família têm memórias, documentos ou objetos relacionados ao tropeirismo, compartilhe conosco. Estamos formando um guia com elementos históricos culturais do tropeirismo, que agregará valor às atividades turísticas futuras.
  • Apóie Iniciativas Locais: Finalmente, apoie negócios e projetos que valorizem a cultura tropeira em sua região. O exemplo do Parque Estadual de Vila Velha demonstra como é possível estruturar uma rota que colhe benefícios do Projeto de Cicloturismo na Rota dos Tropeiros.
  • Use e Divulgue Produtos Oficiais: Adquira e utilize produtos oficiais do projeto, como a Camisa de Ciclismo Rota dos Tropeiros disponível na fábrica Scape, que “aliam conforto, cultura e turismo sustentável, conectando história e natureza em cada detalhe”.

Este caminho, construído por homens e mulas há quase 300 anos, é muito mais do que uma trilha no mapa. Na verdade, é um patrimônio que pertence a todos os brasileiros e está em processo de estruturação para se tornar uma rota de cicloturismo sustentável. Faça parte da construção deste legado que conecta nosso passado ao futuro.

Tropeiros com mulas e bruacas. Imagem simulada com a ajuda de inteligência artificial.
Tropeiros de mulas com bruacas. Imagem simulada com a ajuda de inteligência artificial por Ivan Mendes.

Como a População Pode se Envolver na Construção da Rota dos Tropeiros

De maneira prática, a população pode contribuir para a construção da Rota dos Tropeiros no Caminho do Viamão de várias formas:

Em primeiro lugar, participe das reuniões comunitárias organizadas pelas prefeituras interessadas. Convidamos você a “fazer do seu município o epicentro do cicloturismo” e a se mobilizar conosco. Além disso, o projeto valoriza a participação ativa nas discussões sobre como estruturar as rotas, definir pontos de apoio e preservar o patrimônio histórico.

Por outro lado, a população pode contribuir com conhecimento local. Muitos trechos do Caminho do Viamão ainda são conhecidos apenas por moradores mais antigos das regiões atravessadas. Compartilhar esse conhecimento histórico é fundamental para mapear com precisão a rota original e identificar pontos de interesse histórico.

O cicloturismo na Rota dos Tropeiros e a integração entre cicloturistas e tradicionalistas.
Integração entre cicloturistas e tradicionalistas no RS. Foto: Ivan Mendes © Lobi Ciclotur

Ademais, a população pode se preparar para oferecer serviços turísticos sustentáveis no futuro. Nosso projeto visa “criar rotas que atraiam um público qualificado e gerar renda para as populações locais”. Isso significa que, com antecedência, é possível se capacitar em áreas como hospitalidade, culinária regional, guia turístico e artesanato, sempre respeitando os princípios de sustentabilidade ambiental e cultural.

Eventualmente, à medida que o projeto avança, surgirão oportunidades para voluntariado em atividades de conservação ambiental ao longo da rota. Estamos comprometidos com a “regeneração ambiental“, o que requer esforço coletivo para conservar a natureza no entorno deste importante patrimônio histórico.

Em conclusão, a Rota dos Tropeiros no Caminho do Viamão não é apenas um caminho físico, mas uma jornada coletiva que nos conecta com as raízes da nossa identidade nacional. Através da participação ativa da população em todo o processo de estruturação, este projeto se tornará um exemplo de como valorizar nossa história enquanto construímos um futuro sustentável para as próximas gerações.

Uma verdadeira viagem tem cultura na bagagem.

Texto: Ivan Mendes © Lobi Ciclotur

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